Tendo completado 50 anos de falecida em 2022, Dalva de Oliveira foi uma das vozes mais imponentes do Brasil
Nascida em Rio Claro, interior de São Paulo em 1917, Vicentina de Paula Oliveira era conhecida por uma voz extremamente afinada. Seu apelido era “Rouxinol Brasileiro”, de tanto que sua voz era especial. A artista veio para o Rio de Janeiro com a família quando ainda era adolescente, e se tornou Dalva por intermédio da sua mãe, que via na filha um grande potencial a brilhar nos palcos do rádio e precisava de um nome forte e marcante. A mãe era a portuguesa Alice do Espírito Santo de Oliveira e o pai, o mulato festeiro Mário de Oliveira, o Mário Carioca, marceneiro na Companhia Paulista de Trens e tocador de saxofone nas horas vagas.
Desde a infância, Vicentina já demonstrava facilidade com a música durante as aulas de piano, mas a vida da artista não foi fácil. Trabalhou como costureira e faxineira, até que começou a cantar no rádio na década de 30.
Dalva foi responsável por abrir caminho para um celeiro de grandes cantoras como Ângela Maria, Elis Regina, Maria Bethânia, Alcione, entre outras. Nos primeiros anos em terras cariocas, Dalva frequentou o Cine Pátria, onde conheceu Herivelto Martins e com quem teve um conturbado relacionamento. O ano era 1937 quando surgiu o histórico Trio de Ouro. O casal junto a Nilo Chagas, entoavam a canção “Ave Maria no Morro”, uma capela muito bem produzida.
Dalva e Herivelto tiveram uma relação bastante conturbada, com direito a manchetes em páginas policiais. Os dois tiveram dois filhos que foram alvos de disputa de guarda anos mais tarde. Uma característica muito lembrada por todos de Dalva, é que a cantora temia a perda da guarda e fazia questão de manter os filhos sempre por perto.
Com o fim do relacionamento dos dois, chegou ao fim também o Trio de Ouro, e Dalva se lançou como cantora solo. Viajou para a América Latina em 1952, quando conheceu Tito Climent, que mais tarde se tornaria seu empresário e seu segundo marido. Seus fãs e conhecidos se depararam com um grande sucesso da cantora, a música Tudo Acabado, single que a tornou a Rainha do Rádio.
Entre os sucessos seguintes viriam Bandeira Branca e gravações de grandes sucessos da época. Cada letra e melodia ganhava cor, vida e paixão na voz de Dalva. Tudo soava melhor e mais bonito na voz da cantora. Pesquisadores afirmam que o lançamento de Bandeira Branca foi uma forma de Dalva sinalizar que queria paz para a relação com Herivelto. Mesmo após a separação, a relação deles ainda era conturbada, principalmente por causa da guarda dos filhos Peri e Ubiratan.
Em 1972, aos 55 anos, a voz do Rouxinol Brasileiro se calou. Dalva faleceu, diz a história, vítima de uma hemorragia interna proveniente de um câncer de esôfago não identificado. Porém, em seu registro de óbito realizado no 5º Registro Civil de Pessoas Naturais em Botafogo, zona Sul do Rio, consta que a causa da morte da cantora foi cirrose hepática, doença causada devido a ingestão de bebida alcoólica de forma contínua.
O óbito ocorreu no dia 30 de agosto, na Casa de Saúde Arnaldo de Moraes. Dalva foi velada em está enterrada no cemitério Jardim da Saudade. As anotações e averbações no registro citam que a cantora era “desquitada de Herivelto de Oliveira Martins, deixa 3 filhos maiores e ignora bens e testamento”. Olney de Oliveira Martins foi o declarante do falecimento da cantora. O registro de óbito foi registrado no livro C-300, às folhas 161, sob o nº 105759.
Em sua cidade natal, Rio Claro, existe uma praça em sua homenagem com nome de Dalva de Oliveira, inaugurada em 15 de julho de 2000. No local existe um busto em bronze da cantora. Também foi inaugurada uma praça com o seu nome em Irajá, Rio de Janeiro, onde a cantora viveu.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Arpen/RJ