Apesar do crime ter acontecido na Barra da Tijuca, o registro de óbito da atriz encontra-se no 5º Registro Civil de Pessoas Naturais do Rio de Janeiro, localizado em Botafogo
Completando 30 anos de falecida este ano, a morte da atriz Daniella Perez Gazolla chocou o país e o mundo na década de 90. Sendo extremamente aclamada pelo público, a minissérie “Pacto Brutal”, em cartaz na HBO MAX está mostrando ao público, por meio do cruzamento de depoimentos de pessoas próximas a atriz, como foram as últimas horas de sua vida, desde a saída do estúdio das gravações da novela “De Corpo e Alma” até a constatação dos culpados e a condenação de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz.
Daniella foi brutalmente assassinada pelo casal em uma área isolada e pouco habitada da Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio. Na época, a região encontrava-se ainda em expansão, e por isso, havia muitos terrenos e campos abertos, um verdadeiro “sertão carioca” como era chamado na época. Pelo que se sabe até os dias de hoje, o crime ocorreu por motivo torpe, razões de insípidas e passionais. No intuito de alavancar sua carreira, Guilherme passou a assediar moralmente Daniella para que ela influenciasse a mãe, a então escritora Glória Perez, a dar mais destaque ao ator nas cenas a serem gravadas. Mas as investidas do ator não sucederam, e o assédio foi se tornando cada vez mais intenso e explícito, a ponto de pessoas da equipe da novela perceberem.
Faltavam apenas três dias para o ano de 1992 acabar. Toda a energia de Glória Perez estava direcionada para adiantar os capítulos da novela a fim de agilizar também as gravações por conta do recesso de fim de ano que estava por vir. Até que no dia 28 de dezembro, Daniella desapareceu após deixar o estúdio de gravação da novela. Testemunhas afirmaram que a atriz foi a última a sair e estava acompanha de Guilherme de Pádua.
Iniciava-se neste momento uma noite sem fim em busca de notícias de Daniella. O marido, o também ator Raul Gazolla daria início à jornada junto com a mãe da atriz, em busca de informações que levassem ao paradeiro da atriz. O ponto de partida da investigação se dá pelo testemunho de um morador de um prédio que avista dois carros estacionados suspeitos em frente ao condomínio em que mora. Ali seria o local em que Daniella teria sido visto com vida pela última vez. A partir desta pista com as informações das placas dos carros, a polícia chega ao carro da atriz e encontra o corpo de Daniella em um matagal próximo. Logo se chegaria às informações sobre dono do carro que estava próximo ao da atriz.
Foi um dos crimes mais bárbaros já noticiados pela imprensa brasileira e também um dos solucionados mais rapidamente. O delegado Serrano, que cuidou do caso na época, destaca que em poucas horas já se sabia quem tinha tramado tal crueldade. Ele comentou com Glória sobre sua suspeita e pediu que ela não abrisse a informação para ninguém, pois ele poderia escapar. A esta altura o assassino, de forma fria e calculista, já havia prestado solidariedade aos parentes e familiares durante o velório.
Em sua certidão de óbito, emitida pelo 5º Registro Civil de Pessoas Naturais, localizado em Botafogo, constam detalhes importantes sobre a ocorrência do crime e da vida de Daniella. A causa da morte foi declarada pelo médico Abrão Lincoln de Oliveira, que atestou que a atriz sofreu ferimentos penetrantes do pescoço e tórax com transferência de traqueias, pulmão esquerdo e coração, determinando hemorragia interna e anemia aguda, por instrumento perfurocortante.
Sobre a vida de Daniella, constam ainda informações como em qual livro e folhas foram registrados o ato – livro c-392, às folhas 203v, sob o nº 71395 – a data do registro, 29 de dezembro de 1992 – e se a atriz era casada, eleitora, se deixou filhos maiores ou menores, se deixou bens e testamento. A palavra “ignora” é usada para perguntas cuja resposta era “não” ou sem resposta.
Daniella era filha de Luiz Carlos Saupiquet Perez e de Gloria Maria Ferrante Perez. Além dos nomes dos pais, na certidão de óbito consta ainda o local do óbito, neste caso, colocado como sendo a residência da falecida, Apart Hotel Barra Leme, na Rua Cândido Portinari – Condomínio Rio Mar – localizado na Av. das Américas KMIL.
Na minissérie, Glória Perez destaca e faz certa crítica a cobertura midiática do assassinato da filha. Ela cita que jornais e revistas teimavam em noticiar o crime utilizando-se de fotos de Daniella e Guilherme juntos, como personagens da novela em que os dois atuavam. Na ficção eles faziam sim um par romântico, o que não fazia parte da vida real. Segundo Glória, a estratégia criava um falso rumor e ilustrava que haveria afeto e romance entre eles, contrariando e colocando em cheque a moral de Daniella Perez, mesmo com todas as negações de pessoas próximas sobre qualquer tipo de envolvimento entre eles.
O crime que acometeu a atriz Daniella Perez reverbera até hoje. Isso porque o homicídio qualificado sofrido pela filha, fez com que a autora de novelas Gloria Perez iniciasse uma verdadeira peregrinação pela Câmara dos Deputados em Brasília. Gloria liderou um movimento que defendia a inclusão do crime de homicídio qualificado no rol de crimes hediondos. Foram mais 1,3 milhão de assinaturas colhidas, uma a uma, para a aprovação de um projeto de lei nesse sentido.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Arpen/RJ